quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Deus


Nos antigos dias, quando a primeira palpitação da linguagem
chegou aos meus lábios, subi a sagrada montanha e falei a Deus, dizendo:
"Senhor, sou Teu escravo. Teu desejo oculto é minha lei, e obedecer-Te-ei para sempre."
Mas Deus não respondeu e, como uma poderosa tempestade, seguiu adiante.
E depois de mil anos, subi a sagrada montanha e novamente falei a Deus, dizendo:
"Criador, sou Tua criação. Da argila me fizeste, e a Ti devo tudo o que sou."
E Deus não respondeu mas, como um milhar de asas ligeiras, seguiu adiante.
E depois de outros mil anos, subi a sagrada montanha e falei a Deus novamente, dizendo: Pai, sou Teu filho. Com piedade e amor deste-me nascimento, e mediante amor e adoração herdarei Teu reino."
E Deus não respondeu e, como uma neblina que encobre os montes ao longe, seguiu adiante.
E depois de outros mil anos, subi a sagrada montanha e novamente falei a Deus, dizendo: "Meu Deus, minha meta e minha completação, sou Teu ontem e Tu és meu amanhã.
Sou Tua raiz na terra e Tu és minha flor no céu; e juntos crescemos ante a face do sol."
Então, Deus curvou-se sobre mim e sussurrou palavras doces ao meu ouvido, e,
tal como o mar envolve um arroio que corre para ele, assim Ele me envolveu.
E quando desci aos vales e às planícies,
Deus estava também lá.

Um comentário:

Carla disse...

emocionte!!!