quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O louco


Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras
tinham sido roubadas-- as sete máscaras que eu havia confeccionado
e usado em sete vidas-- e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim.
E quando cheguei à praça do mercado,
um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: "É um louco!". Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez a minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras, E como num transe, gritei:
"Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.
E encontrei tanta liberdade em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
Gibran Khalil Gibran
Maior Profeta do século XX

3 comentários:

Anônimo disse...

Que coisa mais linda! Amei!

Anônimo disse...

Realmente as máscaras nos impede muitas vezes de sentir as coisas de verdade. Parabens pelo texto, com certeza um belo Profeta.

Anônimo disse...

Como pode alguém de máscaras ser feliz???? Amei tudo de bom esse texto!!!!!